Movimento é Cuidado: a importância da atividade física no controle da dor crônica

12/12/2025
Dr. Carlos Marcelo de Barros
Conviver com dor crônica pode transformar a rotina, os planos e até a forma como o paciente enxerga o próprio corpo. É comum que a dor provoque medo de se movimentar, afinal, quando o corpo dói, a tendência natural é evitar esforços. Mas a ciência mostra exatamente o contrário: o movimento é um dos pilares mais poderosos para reduzir a dor, recuperar funcionalidade e devolver qualidade de vida.
 
A atividade física, quando orientada e adaptada, não apenas fortalece músculos e articulações, mas também modula o sistema nervoso, reduz inflamação e melhora o humor. É um cuidado completo: para o corpo, para a mente e para a percepção da própria dor.
 
 Por que o movimento ajuda tanto na dor crônica?

A dor crônica envolve alterações complexas no sistema nervoso, que se torna mais sensível e reativo, um fenômeno chamado sensibilização central. Quando o paciente permanece inativo por medo da dor, esse sistema permanece em alerta, e a dor tende a se intensificar.
 
 A atividade física atua justamente nesse ponto:

Diminui a amplificação do sinal doloroso, treinando o cérebro a interpretar os estímulos de forma mais equilibrada.
Melhora a circulação e reduz inflamação, fatores diretamente ligados ao alívio da dor.
Fortalece músculos e estabiliza articulações, diminuindo sobrecarga e tensão muscular.
Libera endorfinas, substâncias naturais que geram sensação de bem-estar e aliviam a dor.
Melhora o sono, essencial para o controle da dor crônica.
Com o tempo, o corpo aprende novamente a se mover sem medo e isso muda toda a jornada do paciente.
 
Exercício não é sobre intensidade, mas sobre constância.
Muita gente imagina que atividade física significa levantar peso pesado ou fazer exercícios complexos. Na dor crônica, o princípio é diferente: começar devagar, respeitar limites e focar em consistência.
 
Entre as práticas mais indicadas estão:

caminhada leve;
alongamentos e mobilidade;
pilates clínico;
hidroterapia;
fortalecimento progressivo;
exercícios respiratórios;
fisioterapia direcionada.
 
Cada corpo responde de uma forma e o acompanhamento profissional é fundamental para construir um plano seguro e eficaz.
 
 Um corpo que se movimenta também sente menos medo.

A dor crônica não atinge apenas músculos e articulações. Ela mexe com emoções, expectativas, autoestima e até com a forma como o paciente enxerga a própria capacidade de enfrentar o dia.
Por isso, a atividade física é também uma ferramenta de bem-estar emocional.
Ela ajuda a reduzir ansiedade, melhora a autoconfiança e permite ao paciente perceber, na prática, que é possível viver com mais leveza, apesar da dor.
O movimento se torna um aliado diário às vezes discreto, às vezes transformador.
 
Cuidar da dor é também recuperar autonomia.

A atividade física não substitui outras estratégias terapêuticas, mas integra um plano completo de cuidado que inclui acompanhamento médico, ajustes comportamentais, sono adequado e, quando necessário, intervenções específicas para o controle da dor.
Com orientação certa, o paciente que convive com dor crônica pode reconquistar algo precioso: a autonomia de participar da própria vida, seja caminhando, trabalhando, viajando ou convivendo com a família sem tantas limitações.
 
No fim, mover-se é uma forma de dizer ao corpo e à mente: “eu ainda posso”.
 
⚕ Dr. Carlos Marcelo de Barros - CRM/MG 39.448
Anestesiologia RQE 16.085 / Área de atuação em Dor RQE 42.108 / Medicina Paliativa RQE 47.014
(35) 3299-6414 / (35) 3299-6415
 
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